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Obesidade da alma

 
 

Minha alma é obesa. Constatei hoje. Sem fazer nenhuma apologia à gordofobia, mas você sabe que obesidade mórbida é doença. E minha alma padece dela. Só que a obesidade da minha alma se apresenta incurável. 

Ela é causada pela comilança de sentimentos nem sempre próprios, ou melhor, quase nunca próprios. Minha alma vive se alimentando dos sentimentos alheios. Ela come a alegria da vitória dos amigos, mas também devora a tristeza dos corações partidos. Se empanturra com a angústia de quem espera uma resposta, um alguém… E degusta cada lágrima derramada em secreto. O resultado de toda essa gula não seria outro senão a obesidade da alma

Talvez a cura seria possível através da cirurgia de redução de sensibilidade. É isso mesmo, minha alma deveria, drasticamente, parar de sentir tanto o que o outro sente.

Mas só isso não seria o suficiente. Todos sabem que após a cirurgia é necessário seguir uma dieta rigorosa. Minha alma teria de cortar a ingestão desses gordurosos sentimentos. Começando pela calórica empatia, esse carboidrato que só infla minha alma. Deveria parar de comer o açúcar da preocupação, afinal de que adianta se importar tanto com quem não se importa? Esquecer da proteína da saudade e se poupar do infindável refluxo da dor. Ah, claro, nada de beber compaixão. Essa droga silenciosa que só a faz pensar mais no outro do que em si mesma.

É, talvez com esse tratamento rígido minha alma emagreceria… secaria… murcharia… desnutriria… e deixaria de ser o que é: uma alma! Ai, eu sabia que chegaria a esta triste conclusão: minha alma é obesa porque foi criada assim e não poderá deixar de ser. Cabe somente a mim continuar suportando seus quilos a mais.

E devo continuar tomando o sal de fruta do amor, para ajudar a digestão.

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